Conheça ‘Blue Jean’, novo drama LGBTQIAPN+
Vencedor de prêmio do público no Festival de Veneza, drama LGBTQIAPN+ ‘Blue Jean’ estreia hoje nos cinemas.
Ambientado no Reino Unido dos anos 1980, longa retrata a campanha opressora de Margaret Thatcher à comunidade LGBTQIAPN+ a partir do olhar de uma professora lésbica
“Blue Jean”, filme escrito e dirigido pela estreante Georgia Oakley e protagonizado por Rosy McEwen (“O Alienista”), entra em cartaz hoje, 3 de agosto, nos cinemas das cidades de Afogados da Ingazeira (PE), Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, com distribuição de Synapse Distribution. O longa permanece em Salvador, Recife, Brasília, Goiânia e Porto Alegre. Destaque no Festival Filmelier no Cinema, a produção se passa em 1988 durante o governo da primeira ministra conservadora Margaret Thatcher no Reino Unido, em plena campanha contra a população LGBTQIAPN+.
O filme foi reconhecido em diversos circuitos internacionais, como o Festival de Cinema de Veneza, na categoria de voto popular, no British Independent Film Award, com cinco indicações, levando o prêmio de Melhor Atriz, e ainda conseguiu uma indicação ao BAFTA deste ano em Melhor Estreia de Roteirista, Diretor ou Produtor Britânico para Georgia.
A trama de “Blue Jean” se passa em 1988 e tem como foco a personagem Jean (Rosy McEwen), uma professora lésbica de educação física que tem de levar uma vida dupla, já que o governo atual do Reino Unido está com uma campanha contra a população LGBTQIAPN+.
“Minha motivação para contar a história de Jean vem de uma compreensão pessoal de homofobia, bem como um desejo de dar voz aos professores esquecidos que lutaram contra o estigma e a difamação sob a ‘Section 28’ […] Eu queria mostrar que alguém como Jean podia querer se envolver nesse lado das coisas, mas por causa do público que enfrenta em seu trabalho, ela não foi capaz”, comenta Georgia sobre a ideia original da produção.
Para a cineasta, tão importante quanto situar o contexto político da época é mostrar que as pessoas LGBTQIAPN+ resistiram mesmo perante os ataques de Margaret Thatcher. As lésbicas, no caso do filme, eram consideradas subversivas e problemáticas. Pensando nesses e em outros obstáculos de um relacionamento amoroso, Georgia detalha a criação da personagem Viv, vivida por Kerrie Hayes (“The Mill” e “Black Mirror”). “Senti que seria interessante mostrar um relacionamento lésbico que estava em plena evolução mas que acabou sendo prejudicado por algumas circunstâncias. Vemos muitos romances entre garotas, mas eu não sinto que você realmente vê o outro lado: o de um relacionamento funcional. Há uma camada extra de silêncio em torno das lésbicas”, conta.
Quando Rosy McEwen leu o roteiro pela primeira vez, ficou encantada com a forma como a diretora expôs tanta coisa sobre Jean através de poucas palavras. E viver essa personagem intimista em um momento histórico que ela não acompanhou de perto não foi um empecilho. “Isso é sempre o que me entusiasma como atriz: quando você tem que retratar uma coisa, mas o que está acontecendo por baixo é algo diferente. Isso é provavelmente algo que todos sentimos na vida, principalmente nós como mulheres. Jean tem isso, mas de uma forma mais extrema: seu trabalho está em risco, seus relacionamentos familiares estão em risco, seu relacionamento romântico está em risco. Tudo o que ela construiu em sua vida depende do fato de que ela tem que atuar de forma diferente em cada situação social. E isso é desgastante”, diz a atriz.
Além de Rosy e Kerrie, “Blue Jean” traz ainda no elenco as jovens Lydia Page (“A Pior das Bruxas”) e Lucy Halliday, que faz sua estreia como atriz em seu primeiro papel nas telonas. Ambas as atrizes foram indicadas ao British Independent Film Awards.